Ministro do MDA enfatiza pioneirismos da UFG na agricultura familiar

 

Texto: Jayme Leno e Versanna Carvalho 

Fotos: Carlos Siqueira

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, veio de Brasília especialmente para participar da cerimônia de abertura da 22ª Agro Centro-Oeste Familiar (Acof 2025), na quarta-feira (4/6), em Goiânia, no Câmpus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG). Na ocasião, ele afirmou que a UFG é um exemplo para o País, por, provavelmente, ser a única instituição de ensino superior (IES) a sediar um evento de porte, com mais de 200 expositores, exclusivamente voltado para a agricultura familiar. Clique aqui para ver o álbum de fotos da abertura da Acof 2025. Para ver mais fotos da feira, clique aqui.

Durante a solenidade foi realizado o ato simbólico de entrega dos equipamentos agrícolas para estruturação produtiva do Projeto Terra à Mesa, que tem o objetivo de fortalecer, ampliar e estruturar sistemas produtivos agroecológicos em rede de 14 territórios do Estado de Goiás, através de assessoria, capacitação, construção de conhecimento, inovação e formação de agentes de transição agroecológica. O investimento do projeto é da ordem de R$ 3.916.368,01.

O ministro também fez o lançamento estadual dos mutirões da documentação do Programa Nacional de Cidadania e Bem Viver, que volta a realizar o Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural (PNDTR) para incentivar a cidadania e a inclusão social das mulheres do campo a partir da emissão gratuita de documentos civis e trabalhistas. Desta forma, essas mulheres, que são maioria no campo e na agricultura familiar, tornam-se mais autônomas e passam a participar mais das políticas públicas.

 

 

Segundo Paulo Teixeira, ele desconhece outra experiência como a da UFG. “Não é só a feira [Acof] que acontece aqui. Muitas dessas cooperativas que estão aqui, de alguma forma têm relação com essa Universidade. Porque os alunos que saíram daqui formaram cooperativas e hoje estão apresentando os produtos das suas cooperativas".

Resgate histórico

O titular do MDA fez um resgate histórico das ações da UFG no seu discurso e conta que o primeiro curso do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) no Brasil, foi implementado há quase 20 anos, na UFG (Câmpus Goiás), oferecendo a graduação em Direito e a própria criação da Acof, há 25 anos. “Essa, portanto, é uma Universidade única, que está na fronteira, na vanguarda e é corajosa, quero que continue assim”, destaca.

O ministro destacou ainda que da sua primeira visita à feira surgiu o Programa de Formação em Assistência Técnica e Extensão Rural para Assentamentos de Reforma Agrária (Proforext) junto aos assentamentos da reforma agrária e comunidades da agricultura familiar, que hoje abrange 11 estados e 16 instituições federais e é coordenado nacionalmente pelo MDA e UFG.

 

 

O presidente do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), César Aldrighi, também marcou presença na abertura da 22ª Acof. Ele explicou que a entrega simbólica dos títulos de domínio feita na abertura do evento, representa mais de 600 títulos que começaram a ser retomados desde 2023. Ele conta que foram criados 12 assentamentos aqui em Goiás, depois de vários anos paralisados, permitindo que mais de 500 famílias acessem a terra, mais um conjunto de ações relacionadas à educação das famílias assentadas, que o Incra executa em conjunto com a UFG.

“É prazeroso vir aqui a uma feira com um conjunto grande de expositores e perceber que metade deles, ou mais, são oriundos de assentamentos de reforma agrária daqui, do entorno e de territórios quilombolas. É muito gratificante ver que a feira não é só um espaço de venda, é um espaço de troca, é um espaço onde as pessoas vêm aqui para conhecer a cultura dos outros e aproximar os consumidores dos produtores”, comenta César Aldrighi. 

Fazendo a diferença

A reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, destaca a importância de realizar a Agro Centro-Oeste Familiar para o fortalecimento das políticas públicas voltadas ao campo e da parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). “Agradeço mais uma vez o carinho e a confiança que o ministro Paulo Teixeira tem na Universidade Federal de Goiás e em nós, nesse povo que está aqui fazendo a diferença nesse território com a agricultura familiar”, afirma.

 

 

A administradora da Universidade também ressalta o papel da UFG como referência nacional na formação para o campo, citando projetos como o desenvolvimento de tecnologias para a agricultura familiar, a criação do curso de Arquitetura e Urbanismo voltado para a realidade rural e parcerias com o MDA. “Estamos buscando mais apoios para que o aplicativo Assistente Pnae [Programa Nacional de Alimentação Escolar] facilite a compra e venda, e o controle dos editais do PAA [Programa de Aquisição de Alimentos] entre em operação em todo o País muito em breve. A UFG está liderando esse processo no Brasil”.

 

 

A coordenadora-geral da Acof 2025, Graciella Corcioli, destaca a grandiosidade do evento, dizendo que “essa edição é, sem dúvida, uma das mais desafiadoras, mas não por falta de recursos financeiros, e sim pela necessidade de acolher mais de 200 expositores neste grande espaço, que ficou pequeno diante do interesse dos agricultores e agricultoras familiares”. Ela ressalta ainda o caráter coletivo e diverso da organização. “Somos mais de 200 pessoas da comunidade universitária trabalhando há um ano para que esse evento acontecesse. A comissão organizadora e os expositores são, em sua maioria, mulheres, fortes e guerreiras. Somos mais de 70% do comando desse evento”, enfatiza.

Papel fundamental

Uma das pessoas que falaram em nome dos agricultores familiares foi a secretária de Jovens Trabalhadores Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultores Familiares (Contag) e diretora de Políticas Sociais da Federação dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar do Estado de Goiás (Fetaeg), Dalila dos Santos. A representante sindical foi uma das muitas pessoas que destacaram o tema escolhido para o evento deste ano “Agricultura familiar forte é cooperativismo forte”.

 

 

Na avaliação de Dalila, esse tema é importante porque a agricultura familiar tem um papel fundamental no Brasil, na região Centro-Oeste e no nosso Estado de Goiás, a qual representa uma parcela significativa dos empreendimentos rurais com mais de 63% deles sendo conduzidos pelos agricultores familiares. “Esses agricultores que contribuem para a produção de alimento, para a geração de renda e para a fixação das famílias rurais e que promovem a sucessão rural. Em Goiás, a agricultura familiar contribui significativamente para o PIB [Produto Interno Bruto] da agropecuária do Estado, representando aproximadamente um terço dos mesmos. Além disso, a agricultura familiar é responsável pela produção da maioria dos alimentos que integram os itens da cesta básica e que chegam à mesa dos goianos, suprindo as grandes necessidades do centro urbano”, enfatiza.

 

 

Ao representar o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o superintendente de Engenharia Agrícola e Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), Emanuel Pinheiro de Farias, reforça as ações do governo estadual em prol da agricultura familiar, ressaltando que “nada melhor que um evento como esse, que representa muito bem todo o trabalho que é feito pela agricultura familiar, que reúne comunidades, valoriza o meio ambiente e a cultura do nosso estado”. Ele destaca políticas públicas como o PAA Estadual, o PAA Quilombola, o Projeto de Fruticultura do Vão do Paranã, além das revitalizações fundiárias em comunidades tradicionais como a quilombola do kalunga.

 

 

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